Publicado em 19 de dezembro de 2024 às 08:00
No coração da Região Sudeste, o Espírito Santo desponta como um Estado singular no cenário econômico brasileiro. Com uma combinação estratégica de localização privilegiada, diversificação econômica, infraestrutura logística robusta e um ambiente de negócios atraente, o território capixaba se consolida como um dos principais destinos para investidores do mundo todo.
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Essas características, aliadas a uma gestão fiscal eficiente, tornam-o uma potência econômica em franca ascensão. Prova disso são os investimentos previstos até 2028, que somam R$ 97,8 bilhões, com 91% destinados à indústria, especialmente para os setores de extração, construção e transformação. >
“Estamos a menos de 1.500 km dos principais polos econômicos e consumidores do país. Esse posicionamento estratégico, aliado a uma forte infraestrutura logística, permite-nos ser um verdadeiro hub para o comércio exterior, com aeroporto moderno preparado para operar voos internacionais, portos importantes e consolidados e um novo porto para receber navios com grande calado que está sendo erguido em Aracruz, na abrangência do Programa Estruturante ParklogBR/ES, que conta ainda com a primeira Zona de Processamento de Exportação (ZPE) privada do Brasil e dois aeroportos. Vamos melhorar a conexão do Espírito Santo com o mundo”, analisa o vice-governador e secretário de Desenvolvimento do Estado, Ricardo Ferraço.>
A ideia, segundo o vice-governador, é tornar o ambiente de negócios cada vez mais acolhedor para investidores. >
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Ricardo Ferraço
Vice-governador e secretário de Desenvolvimento do ESOs especialistas da empresa de consultoria Macroplan Claudio Porto, Marcelo Asquino e Júlia Kobilansky, em uma análise sobre o desenvolvimento do Espírito Santo, destacam que, entre 2010 e 2021, o Estado teve o maior crescimento econômico em PIB per capita na Região Sudeste. Nesse período, foi o quinto das 27 unidades da Federação com maior crescimento (atrás apenas de Mato Grosso, Santa Catarina, Mato Grosso do Sul e Paraná).>
Para os analistas, alguns dos pontos fortes do Espírito Santo são a localização estratégica; a economia diversificada; a combinação de fatores geográficos, infraestrutura portuária avançada e diversidade produtiva; o setor agrícola variado, liderando na produção de café conilon no Brasil e exportando itens como cacau, pimenta-do-reino e mamão; o potencial turístico; a qualidade e expansão da infraestrutura e logística; e a robustez e a capacidade fiscal do Estado.>
Marcelo Asquino
Eles também citam como fatores positivos o aumento do emprego formal em setores considerados essenciais e a presença de micro e pequenas empresas, contribuindo para a economia local, além do fato de o território ser compacto, bem localizado e ter instituições com boa reputação. “Neste século, o Espírito Santo fez uma grande virada do ponto de vista institucional, evoluindo da submissão ao crime organizado a um bom exemplo para o país, sobretudo por conciliar o equilíbrio fiscal com avanços sociais importantes em áreas como saúde, educação e segurança pública”, analisa Júlia. >
Ricardo Ferraço reforça que a economia diversificada é uma das características que tornam o Espírito Santo uma potencialidade. “Temos indústrias fortes em mineração, siderurgia, petróleo e gás, agronegócio e rochas ornamentais, que geram emprego e impulsionam nossa economia. Nos últimos anos, focamos a diversificação dessa matriz, incluindo setores como tecnologia e serviços, para garantir uma economia mais resiliente e com mais oportunidades para todos.” >
O vice-governador ressalta que as atividades de comércio exterior são um pilar fundamental. “Um marco recente foi a confirmação da Zona de Processamento de Exportação em Aracruz, o que fortalece ainda mais o Espírito Santo como protagonista na exportação de produtos de alto valor, especialmente para mercados da América do Norte, Europa e Ásia. Esse cenário reafirma nossa posição estratégica e nosso compromisso com o desenvolvimento econômico sustentável”, avalia.>
O Espírito Santo, atualmente, destaca-se como o segundo maior produtor de petróleo e gás do Brasil, um setor que cresceu 23,1% em 2023 e emprega mais de 12 mil pessoas diretamente. >
A siderurgia e a mineração também são vitais: o Estado é líder na exportação de pelotas de minério de ferro e produtor significativo de aço. “Somos também a casa da maior produtora mundial de celulose de eucalipto, localizada em Aracruz, e seguimos como o maior exportador de rochas ornamentais do Brasil”, assinala o vice-governador e secretário de Desenvolvimento do Estado, Ricardo Ferraço.>
A cafeicultura é outro destaque, com o Espírito Santo sendo o segundo maior produtor nacional de café e o primeiro em conilon. “Esse desempenho atraiu empresas de grande porte, multinacionais, para o Estado para processar e comercializar café com maior valor agregado. Nosso agro, como um todo, é uma potência e estamos batendo recordes de exportações com uma pauta diversificada. Esses setores formam a espinha dorsal da nossa economia, mantendo o Espírito Santo no topo de mercados globais”, enfatiza Ferraço.>
Além disso, o Estado é a principal porta de entrada do Brasil de veículos e aeronaves importadas. “E isso somente foi possível graças às condições favoráveis do nosso ambiente de negócios, que tornam o Espírito Santo altamente competitivo no cenário nacional. Não é por acaso que duas tradings figuram entre as principais empresas do nosso Estado. O comércio internacional é uma vocação capixaba e as condições que temos estruturadas permitem crescimento, ampliação”, avalia o vice-governador. >
Vale destacar que a chamada “economia do mar” é outra potencialidade do Estado, graças à sua extensa faixa litorânea de 400 quilômetros. “Somos um dos principais atores no pré-sal e no comércio exterior, com um complexo portuário diversificado. As atividades marítimas, desde a extração de petróleo, pesca até o turismo, têm grande capacidade de geração de emprego e renda, além de abrigarem novas frentes de inovação, como energias renováveis oceânicas e biotecnologia”, diz Ricardo Ferraço.>
Além disso, a indústria de petróleo, gás e energia promete avanços significativos nos próximos anos. O navio-plataforma FPSO Maria Quitéria entrou em operação e tem capacidade de produzir diariamente até 100 mil barris de óleo e de processar até 5 milhões de metros cúbicos de gás. A agricultura e o turismo, segundo o vice-governador, são outros setores em ascensão, com grande impacto na economia capixaba. >
Até 2030, a previsão é que sejam construídas seis plataformas logísticas estratégicas em todo o Estado, principalmente por meio do Programa Estruturante ParklogBR/ES, para potencializar o desempenho logístico, econômico e social das instalações portuárias e outros ativos existentes nos municípios de Aracruz, Colatina, Fundão, Ibiraçu, João Neiva, Linhares e Serra. >
“A iniciativa contempla o fomento estratégico para o desenvolvimento de terminais portuários, rodovias, ferrovias, aeródromos e áreas empresariais existentes nesses municípios. Outros investimentos que estão em curso ou programados são a duplicação de rodovias federais, melhorias em portos e aeroportos, implantação de nova ferrovia conectando a ferrovia Vitória a Minas ao Sul capixaba, criação e melhorias de rodovias estaduais, reforma e ampliação de aeroportos regionais e por aí vai. Cada um desses projetos fortalece nossa posição estratégica e nossa capacidade de competir nacional e internacionalmente”, explica Ricardo Ferraço.>
A infraestrutura de transporte é uma das principais fragilidades. De acordo com o vice-governador, a integração de rodovias e ferrovias precisa ter avanços para colocar à disposição do mercado uma malha eficiente, importante para contribuir com o desenvolvimento de áreas com potencial econômico ainda pouco explorado. >
“O governo está comprometido em buscar soluções que integrem todos os modais de transporte, para oferecer melhores condições de competitividade para as empresas baseadas aqui e minimizar os custos logísticos para impulsionar o crescimento”, assinala.>
Após dois anos na décima posição nacional, o Espírito Santo tornou-se o sexto colocado no Ranking de Competitividade dos Estados, segundo o levantamento realizado pelo Centro de Liderança Pública (CLP), que avalia o desempenho das unidades da federação em indicadores como segurança pública, infraestrutura, educação e sustentabilidade ambiental. >
O resultado mostra que, nacionalmente, em 2024, o Espírito Santo foi o Estado que mais subiu no ranking do CLP graças ao crescimento em cinco de dez pilares avaliados: eficiência da máquina pública, potencial de mercado, capital humano, educação e solidez fiscal. >
“De modo geral, esse salto se deve à melhoria do desempenho do Estado em alguns pilares específicos, como o crescimento de cinco colocações no pilar de eficiência da máquina pública, quatro posições em potencial de mercado, três colocações em capital humano e duas posições em educação. Esse crescimento, atrelado ao fato de ter mantido boas atuações nos pilares de sustentabilidade ambiental e sustentabilidade social, colaborou para o ganho de quatro posições no nível geral, mesmo tendo apresentado uma queda grande no pilar de segurança pública”, analisa Pedro Trippi, coordenador da Inteligência Técnica do CLP. >
Trippi destaca que, desde a edição de 2019 do ranking, o Espírito Santo alterna entre a primeira e a segunda posição no pilar de solidez fiscal. >
“Essa é a evidência de uma gestão fiscal equilibrada e competente, prova disso é a liderança nesse pilar em 2024. Quando nos aprofundamos nos indicadores de solidez fiscal, percebemos que o Estado é o segundo do país com o menor gasto de pessoal e a maior poupança, além de apresentar boas condições de liquidez e taxas de investimento elevadas, sendo o segundo que mais investe no Brasil.” >
O gasto com pessoal no Espírito Santo está em 47,4% das receitas correntes líquidas, ou seja, não rompe nenhum limite da lei de responsabilidade fiscal. Já a taxa de investimento na edição de 2024 foi de 15,2%, sendo o maior investimento de toda a série histórica entre os 27 Estados. >
Pedro Trippi
Coordenador da Inteligência Técnica do CLPOutro ponto a ser ressaltado é o pilar de infraestrutura, sendo que, desde a edição de 2020, o Espírito Santo esteve no top 5, e, nas duas últimas edições, está com a segunda melhor infraestrutura do Brasil. “No indicador de o à energia elétrica, o Estado ocupa a liderança, além da quarta colocação da qualidade da energia elétrica. Além disso, conseguiu melhorar no indicador de custo da energia elétrica ao longo dos últimos anos”, pontua. >
No pilar capital humano, o Espírito Santo ou da 13ª para a décima colocação, dada a posição favorável nos novos indicadores de inserção econômica (sétima posição) e população economicamente ativa (PEA) com ensino superior (oitava colocação). >
“Curiosamente, o pilar capital humano já foi um gargalo do Espírito Santo. O Estado chegou a estar na 22ª posição na edição de 2022 e vem se recuperando bem, chegando à décima posição na edição de 2024. O grande destaque é a sétima posição em inserção econômica, que analisa a população economicamente ativa (PEA) do Estado. Hoje, o Espírito Santo tem 22,7% da PEA, seu melhor número desde 2016”, diz Trippi. >
É relevante lembrar que o Espírito Santo, em toda a série histórica do ranking, nunca esteve fora do top 10 dos Estados mais competitivos do Brasil. Porém, nas edições de 2022 e 2023, ficou na décima posição geral, o que é um pouco abaixo do que aconteceu de 2016 a 2021. “Na edição de 2024, o Estado recuperou sua boa performance e voltou à sexta posição, que está mais em linha com sua série histórica.” >
No que diz respeito às perspectivas, o coordenador da Inteligência Técnica do CLP avalia que o Espírito Santo é um estado equilibrado fiscalmente e com uma boa infraestrutura. “Ou seja, com as contas em dia ele tem mais recursos para investir em áreas prioritárias e melhorar os serviços oferecidos à população.” Para Pedro Trippi, o desafio é “conseguir resolver o gargalo da segurança pública e manter as forças que tem, que são várias, educação, infraestrutura, equilíbrio fiscal e meio ambiente.”>
O Espírito Santo, apesar de todo o seu potencial, enfrenta uma série de desafios estruturais que freiam seu desenvolvimento pleno. Gargalos logísticos, déficits em capital humano e fragilidades em áreas essenciais, como saúde pública e segurança, podem comprometer o crescimento econômico e social do Estado. >
Um dos problemas apontados pelos especialistas da Macroplan é em relação à mobilidade urbana, na Região Metropolitana de Vitória. A ausência de um sistema de operação inteligente e integrado resulta em congestionamentos frequentes. Além disso, eles afirmam que são necessários mais investimentos em sistemas de transporte coletivo de alta capacidade e solução das carências de ciclovias e calçadas adequadas, que dificultam o deslocamento das pessoas.>
Outro aspecto sinalizado pelos especialistas é o déficit em capital humano. O Espírito Santo ocupa a décima posição no ranking nacional de qualificação dos trabalhadores, uma desvantagem frente a Estados vizinhos mais desenvolvidos. Outras deficiências, na opinião dos consultores, estão na área da saúde: infraestrutura e profissionais insuficientes; longas filas de espera; falta de medicamentos e insumos; e gestão e planejamento ineficientes. Além disso, a segurança pública continua sendo uma preocupação para os capixabas. >
Cláudio Porto, consultor da Macroplan, propõe uma agenda de desenvolvimento econômico e social para o Espírito Santo, focada em alguns pilares fundamentais, como criar um plano que priorize novas fronteiras de crescimento, entre elas meio ambiente, serviços logísticos, turismo e atração de capital humano. Além de implementar uma governança híbrida que promova a participação de diversos atores, utilizando recursos de inteligência artificial.>
Ele sugere reconfigurar instituições para atrair investidores, focando a competitividade; trabalhar em conjunto com outros Estados para remover barreiras de regulação; e fazer parcerias estratégicas Estado-municípios, orientadas para resultados concretos em áreas como infraestrutura e serviços públicos. Porto enfatiza a necessidade de uma abordagem colaborativa e inovadora para o desenvolvimento sustentável e inclusivo até 2050.>
Cláudio Porto
Consultor da MacroplanNotou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rápido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem.
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