
"No Brasil, é possível fazer um ajuste fiscal responsável, reduzindo o crescimento das despesas do governo e melhorando a vida das pessoas." Essa é a frase de Ana Paula Vescovi, atual economista-chefe do Santander Brasil e ex-secretária do Tesouro Nacional, que deveria se tornar um mantra para Brasília.
Em entrevista ao colunista Abdo Filho, ela acrescentou: "É possível focalizar os programas, melhorar as exigibilidades, cortar desvios, ou seja, públicos que estão se beneficiando, mas não deveriam". Ora, trata-se basicamente de aplicar eficiência ao gasto público. No país, é preciso interromper esse ciclo sem fim de demonização da busca pelo equilíbrio fiscal.
Nas empresas, na economia familar, não se tem prosperidade se constantemente se gasta mais do que se recebe. Por que seria diferente para uma nação, que precisa fazer entregas e honrar seus compromissos sociais?
Aumentar a arrecadação com mais impostos não é a melhor estratégia. No caso mais recente, a decisão de elevar o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) para ajudar no cumprimento das metas fiscais se mostrou controverso pela própria natureza do imposto, que é regulatório. Mas, independentemente disso, jogar a conta para a população não é o mais justo, sobretudo porque são mais tributos a inviabilizar o ambiente econômico. Os investimentos acabam minguando, o país não tem fôlego para crescer.
O controle das despesas não é inimigo do povo brasileiro. Equilíbrio fiscal nada mais é do que organizar os gastos de acordo com o que é prioridade para o país. É alocar dinheiro onde ele é mais necessário, para quem mais precisa. É um debate que não avança no país, porque há muita gente que se beneficia do descotrole e do desperdício. Esses, sim, os verdadeiros inimigos da prosperidade.
A própria Ana Paula Vescovi, ao contextualizar o Brasil atualmente como aquele que possui tudo o que o mundo precisa (energia, minerais raros e tradicionais, alimentos), reforça que, se fizermos o dever de casa, os país poderá "colher as oportunidades deste mundo novo". O que falta ao Brasil é se organizar, como nação, para deixar de ser o país do futuro que nunca chega.
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